Maria Bethania

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Maria Bethânia Viana Teles Veloso (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 18 de junho de 1946) é uma cantora brasileira que tem a marca de ser a segunda artista feminina em vendagem de discos do Brasil, sendo a maior da MPB, com 26 milhões de cópias. Atende pela alcunha de Abelha-rainha por causa do primeiro verso da música que dá nome ao LP Mel de 1979. Considerada por muitos brasileiros uma das maiores cantoras da história do Brasil. É irmã caçula do compositor Caetano Velosoe da poetisa e escritora Mabel Velloso.

Biografia

Nascida na Bahia, é a sexta filha de José Teles Veloso (Seu Zezinho), funcionário público dos Correios, e de Claudionor Viana (Dona Canô). É irmã da escritora Mabel Velloso e do compositor Caetano Veloso, e tia da cantora Belô Velloso e de Jota Velloso

Seu nome foi escolhido pelo irmão Caetano Veloso, inspirado em uma canção famosa à época, a valsa Maria Betânia, do compositor Capiba, um sucesso na voz de Nélson Gonçalves.

Maria Bethânia tornou-se uma das principais intérpretes da música brasileira assim como Caetano, um dos maiores cantores e compositores contemporâneos brasileiros, mundialmente conhecido.

Bethânia foi criada na cidade de Santo Amaro da Purificação e, por ter sido criada na religião católica com influência do candomblé, é devota de vários santos e adepta tradicional do segmento religioso africano Ketu.

Trajetória artística

Hoje considerada a maior intérprete de sua geração, na infância sonhava em ser atriz, mas o dom para a música falou mais alto. Participou na juventude de espetáculos semi-amadores em parceria com Tom Zé, Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Em 1963, estreou como cantora na peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues. No ano seguinte, apresentou espetáculos como Nós por Exemplo, Mora na Filosofia e Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova, ao lado do irmão Caetano Veloso e o colega Gilberto Gil, então iniciantes, a quem lançou como compositores e cantores nacionais e a cantora Gal Costa, dentre outros.

A data oficial da estréia profissional é 13 de fevereiro de 1965, quando substituiu a cantora e violonista Nara Leão no espetáculo Opinião pois a mesma precisou se afastar por problemas de saúde. Nesse mesmo ano, foi contratada pela gravadora RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG), onde gravou o primeiro disco, lançado em junho daquele mesmo ano. O primeiro sucesso foi a canção de protesto Carcará, no repertório deste, que também incluía, dentre outras, as músicas Mora na filosofia, Andaluzia, Feitio de oração e Sol negro, esta última em dueto com Gal Costa (que à época ainda usava o nome artístico de Maria da Graça). Depois lançou um compacto triplo, Maria Bethânia canta Noel Rosa, que trouxe as músicas Três apitos, Pra que mentir, Pierrô apaixonado, Meu barracão, Último desejo e Silêncio de um minuto, acompanhada apenas por um violão, de Carlos Castilho.

Foi também a idealizadora do grupo Doces Bárbaros, onde era um dos vocais da banda, que lançou um disco ao vivo homônimo juntamente com os colegas Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disto, curiosamente na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 70, e ao longo dos anos, este lema foi tema de filme com direção de Jom Tob Azulay, DVD, enredo da escola de samba Estação Primeira de Mangueira em 1994 com a canção Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu, já comandaram trio elétrico no carnaval de Salvador, espetáculos na praia de Copacabana e uma apresentação para a Rainha da Inglaterra. Sobre esse encontro, escreveu Caetano Veloso: Eu, Gil e Gal podemos nos discutir as atitudes e as posturas, mas com relação a Betânia há sempre um respeito aristocrático que o ritmo do seu comportamento exige. E nós estamos sempre aprendendo com ela algo dessa majestade.

Inicialmente o disco seria registrado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo em estúdio, com as canções Esotérico, Chuckberry fields forever, São João Xangô Menino e O seu amor, todas gravações raras.

Década de 80

Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), até o fim da década de 80, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos que apresentavam os novos talentos, registrando índices recordes de audiência. Maria Bethânia participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses marcantes momentos da televisão; o programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então abordando esta temática no contexto da música nacional e da ampla preponderância das vozes femininas, com Elis Regina, Fafá de Belém, Marina Lima, Simone Bittencourt de Oliveira, Rita Lee, Joanna, Zezé Motta, Gal Costa, Maria Bethânia e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de Mágoa e Seca d´Água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

Foi a primeira cantora brasileira a vender mais de um milhão de cópias em um único disco (Álibi, 1978) e esse sucesso se repetiu nos dois álbuns subseqüentes: Mel e Talismã, que também obtiveram expressivas vendas (inclusive este último chegou a ver 700 mil cópias em quinze dias), e inovou no gênero acústico com os dois trabalhos seguintes, Ciclo e A Beira e o Mar, que não tiveram o mesmo apelo popular. Neste primeiro, considerado pela artista o melhor de toda a trajetória, os erros de divulgação da gravadora comprometeram o sucesso do disco onde Fogueira foi a única canção a obter destaque e foi incluída na trilha sonora da novela global Transas e caretas de Lauro César Muniz, tendo sido elogiado pela crítica especializada e recebido com estranheza pelo grande público, apresentando um repertório de onze canções, das quais nove eram inéditas, e apenas duas regravações (Rio de Janeiro - Isto é o meu Brasil e Ela disse-me-assim) e no LP A Beira e o Mar, originado do espetáculo A hora da estrela, cujo título remete ao famoso livro homônimo de Clarice Lispector, o repertório misturou canções inéditas e regravações (Na primeira manhã, Nossos momentos, ABC do Sertão, Somos iguais e Sonho impossível), também foi pouco divulgado e se definiu a primeira saída da gravadora Polygram (atualmente Universal Music), de onde era contrada desde 1971 (com o álbum Maria Bethânia Viana Teles Veloso - A tua presença, sucesso de público e crítica) e à qual só retornaria dali a cinco anos. O disco que marca essa volta é Memória da Pele; durante este intervalo de tempo, aconteceu uma breve passagem pela primeira gravadora, a RCA, com a qual assinou contrato para a gravação de três discos, mas acabou gerando apenas dois. São eles: Dezembros e Maria, lançados em 1986 e 1988, respectivamente.

A antológica interpretação de Na primeira manhã surpreendeu Mílton Nascimento, inspirando-o a escrever a música Canções e momentos inclusa no repertório do disco Dezembros que também trazia, dentre outras, Anos dourados e Errei sim; já Maria contou com as participações especiais de Gal Costa e duas internacionais: o grupo sul-africano Lady Smith Black Mambazo e a atriz francesa Jeanne Moureau; não fosse pela emplacação de duas músicas românticas nas paradas de sucesso, as baladas Tá combinado e Verdades e mentiras, que integraram a trilha sonora das novelas globais Vale tudo e Fera radical, respectivamente, faixas com certo apelo para as rádios, este trabalho teria sido um dos mais anti-comerciais da carreira até então, pois contou com uma leitura totalmente acústica - e isto em plena ascensão das duplas pop/sertanejas e do advento da lambada.

Anos 90

Em 1990, Bethânia comemorou 25 anos de carreira com o LP 25 Anos, cujo repertório, essencialmente brasileiro, evocava diversas culturas deste país, trazendo canções consagradas e pouco conhecidas, entre regravações e inéditas. O disco contou com a participação especial de vários cantores e músicos, dentre os quais Gal Costa, Alcione, João Gilberto, Egberto Gismonti, Nina Simone, Fátima Guedes, Hermeto Paschoal, Sivuca, Wagner Tiso, Toninho Horta, Jacques Morelenbaum, Jaime Alem, Márcio Montarroyos, Mônica Millet, Almir Sater, Flávia Virgínia, Nair de Cândia, Armando Marçal, Djalma Correia, Álvaro Millet, Gordinho (Antenor Marques Filho), Zeca Assunção, Wilson das Neves, José Roberto Bertrami, Jamil Joanes, Jurim Moreira, orquestra de cordas e bateria da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira; o disco emplacou duas músicas nas paradas de sucesso, as regionalistas Tocando em frente e Flor de ir embora, que integraram as trilhas das novelas rurais Pantanal e A história de Ana Raio e Zé Trovão, respectivamente, ambas exibidas pela extinta Rede Manchete. O feito de gravação de discos acústicos se repetiu no álbum subseqüente, Olho d´Água, lançado em 1992, que não obteve maior repercussão devido à falta de divulgação eficiente por parte da gravadora; no repertório deste, destaque somente para a canção regionalista Além da última estrela, que integrou a trilha sonora da novela global Renascer, de Benedito Ruy Barbosa.

O sucesso de vendagem voltou em 1993 quando do lançamento do CD As canções que você fez pra mim, que gerou mais de um milhão de cópias e foi convertido para uma versão hispânica (no caso, Las canciones que hiciste para mi) com parte do repertório, que consistiu em um tributo à dupla de cantores e compositores Roberto e Erasmo Carlos. Este disco, além de originar um LP promocional para a Coca-Cola com uma entrevista entre parte do repertório (Emoções, Costumes, Olha e Seu corpo), gerou também um VHS (relançado em DVD em 2009) e um espetáculo calcado na divulgação do disco anterior, dirigido por Gabriel Vilela no Canecão (Rio de Janeiro), do qual saiu o trabalho que marca a despedida definitiva da Universal Music: Maria Bethânia ao vivo, de 1995, o último a ter versão em vinil, porém já estava sofrendo com o problema de pressão de espaço físico, com quatro músicas a menos. São elas: Fé cega faca amolada, Detalhes, Você não sabe (as duas últimas, já inclusas no álbum-tributo a Roberto) e Reconvexo, inclusas somente no CD. Este disco trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas e do álbum de estúdio anterior dedicado a Roberto Carlos.

Curiosidades

Maria Bethânia é segunda artista feminina em vendagem de discos na história do Brasil, atrás apenas de Xuxa, que tem seus discos voltados ao público infanto-juvenil. Revolucionou a forma de se fazer espetáculos no Brasil, intercalando músicas com poemas - Fernando Pessoa, poeta português, Vinícius de Moraes a quem chegou a dedicar um disco inteiro em 2005, Que falta você me faz (a gravação deste álbum foi concluída em janeiro de 2004 mas somente lançado no ano seguinte, em comemoração aos 40 anos de carreira e amizade com Vinícius), Clarice Lispector - criando um estilo próprio e que muito lembra peças teatrais. Vários dos espetáculos estão entre os mais importantes da história da música popular brasileira, onde se destacam diversos, como Recital na Boite Barroco (1968), o primeiro disco gravado ao vivo, Maria Bethânia ao vivo (1970), ambos lançados pela gravadora EMI, Rosa dos Ventos - o show encantado (1971) produzido e dirigido por Fauzi Arap, Drama terceiro ato - luz da noite gravado ao vivo no Teatro da Praia na capital fluminense (1973), A cena muda (1974), gravado ao vivo no Teatro Casa Grande, onde não declamou poemas - como o próprio título sugere, tendo sido um dos espetáculos mais ousados da trajetória da artista, Chico Buarque e Maria Bethânia ao vivo (1975), Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo (1978), e Nossos momentos (1982), gravado entre 29 de setembro e 3 de outubro daquele ano, contendo a antológica interpretação de Vida e O que é o que é, esta última lançada pelo autor Gonzaguinha no mesmo ano, que seria o bis preferido dos espetáculos dali por diante. Isso explica a presença de vários discos ao vivo na carreira da artista - mais especificamente catorze, onde se inclui um gravado na Argentina (Mar del Plata), com Vinícius de Moraes e Toquinho; já como intérprete, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Noel Rosa, Gonzaguinha, Roberto Carlos, Vinícius de Moraes, Roberto Mendes, Jorge Portugal e Milton Nascimento, são os compositores com maior número de interpretações na voz. Maria Bethânia é carinhosamente chamada por Roberto Carlos de minha rainha.

Os muitos fãs sempre cultivaram uma rivalidade com os da cantora Elis Regina, no eterno debate que até hoje não teve fim sobre qual seria a maior cantora da história do Brasil. Elis, por sua vez, declarou Gal Costa a maior cantora do país. Bethânia, mais reservada, nunca se pronunciou sobre esse debate, inclusive se declara até hoje fã de Elis, isso desde a entrevista no jornal O Pasquim (5 de setembro de 1969), deu nota dez para a rival. Em 1999, quando regravou uma canção que fez antigo sucesso na voz de Elis, Romaria (Renato Teixeira), no disco A força que nunca seca, lançado pela gravadora BMG, Bethânia reafirmou ser admiradora. Inclusive este disco, cuja faixa-título foi dedicada à memória de Mãe Cleusa do Gantois, além de trazer releituras de clássicos (O trenzinho caipira com citação de trechos do poema O trem de Alagoas de Ferreira Gullar, Luar do sertão/Azulão, Espere por mim morena, Gema, As flores do jardim da nossa casa), trouxe a polêmica interpretação de É o amor, originalmente gravada pela dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, que foi bastante criticada. Esta foi incluída na trilha da novela Suave Veneno, de Aguinaldo Silva. Em seguida, houve um espetáculo que divulgou o disco anterior, do qual saiu o CD duplo Diamante verdadeiro, gravado em agosto, que trouxe canções do referido CD de estúdio (exceto Espere por mim morena), regravações dos antigos sucessos entre outros clássicos.

Muitos são os trabalhos da cantora Maria Bethânia que são referências obrigatórias para a história da música popular brasileira, entre outros estão: Maria Bethânia (1969), Drama - anjo exterminado, com produção do irmão Caetano Veloso (1972), Pássaro Proibido (1976) que trouxe o primeiro grande sucesso na faixa de rádios AM - a antológica canção Olhos nos olhos com destaque também para Amor amor, Pássaro da manhã (1977) onde pela primeira vez declamou poemas em estúdio originado do espetáculo homônimo dirigido por Fauzi Arap e cenário de Flávio Império recebendo o segundo disco de ouro da carreira (o primeiro foi no álbum lançado no ano anterior) com as músicas, dentre outras, Um jeito estúpido de te amar (lançada por Roberto Carlos no anterior colado a um texto de Fauzi Arap, com fundo musical de Jogo de damas) e Teresinha, Alteza (1981) que contou com as participações especiais de Caetano Veloso, Gilberto Gil e a irmã Nicinha, Âmbar (1996), lançado pela gravadora EMI que comemorou os 50 anos de idade trazendo canções inéditas, de novos compositores da MPB entre outras releituras de clássicos (Chão de estrelas, Quando eu penso na Bahia, Ave Maria) gerando um espetáculo dirigido por Fauzi Arap do qual saiu o elogiadíssimo CD duplo Imitação da vida gravado na casa de espetáculos Palace (São Paulo, dezembro de 1996) e que incluiu onze textos de Fernando Pessoa e seus heterônimos, Brasileirinho (2003), o primeiro lançado pelo próprio selo Quitanda, unanimidade de crítica e público, com repertório essencialmente brasileiro, evocando diversas culturas deste país e trazendo textos de Guimarães Rosa (extraído do livro Rosiana, coletânea de conceitos, máximas e brocadas do autor, organizada em 1983 por Paulo Ronai), Mário de Andrade e Vinícius de Morais contando com as participações especiais do escritor/poeta Ferreira Gullar, o Grupo Uakti, Grupo Tira Poeira, Denise Stocklos, as cantoras Miúcha e Nana Caymmi, e Pirata (2006).

Dias atuais

Em 2001, desliga-se das grandes gravadoras, transferindo-se para a independente Biscoito Fino, de propriedade de Olivia Hime e Kati Almeida Braga. O disco que marca a estréia na nova gravadora é o duplo Maricotinha ao vivo - comemorativo dos trinta e cinco anos de carreira, que trouxe regravações dos antigos sucessos seus entre outras canções consagradas, textos e do álbum de estúdio homônimo do ano anterior, cuja maior parte das canções era inédita e foi o último álbum lançado pela gravadora BMG, e também gerou seu primeiro DVD. Em 2003, ainda na Biscoito Fino, lança o selo Quitanda (23 de setembro), para gravar discos com menor apelo comercial e lançar artistas que admira, como Mart'Nália e Dona Edith do Prato.

Bethânia também atua em direções, já tendo dirigido vários artistas entre eles o irmão Caetano Veloso e Alcione. Em 2005, foi lançado o filme documentário sobre sua vida e carreira, Música é perfume.

Em 2006 foi a grande vencedora do Prêmio Tim (antigo Prêmio Sharp) de música onde arrebatou três títulos: melhor cantora, melhor disco (Que falta você me faz, um tributo a Vinícius de Morais) e melhor DVD (Tempo tempo tempo tempo, comemorativo dos quarenta anos de carreira). Bethânia, que sempre teve fama de anti-social, surpreendeu e compareceu à cerimônia de premiação. No mesmo ano, os CDs antigos - LPs originais que haviam sido relançados anteriormente em CD - voltaram às prateleiras, com encarte completo (na edição anterior ele havia sido suprimido/reduzido), letras de todas as músicas e textos - mesmo que a versão original não as tivesse - e texto interno com a história do álbum redigido pelo jornalista e crítico musical Rodrigo Faour, pois há muito tempo estavam fora de catálogo.

Ainda em 2006, lançou dois álbuns simultaneamente: Pirata, onde canta os rios do interior do Brasil e foi considerado pela crítica uma espécie de retomada de Brasileirinho, lançado três anos antes, e Mar de Sophia, onde canta o mar a partir de versos da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner. A turnê de promoção dos dois discos foi batizada de Dentro do mar tem rio, com direção de Bia Lessa e roteiro do fiel colaborador Fauzi Arap.

Lança em 2007 pela Biscoito Fino o dvd duplo que contempla dois documentários sobre Maria Bethânia, Pedrinha de Aruanda e Bethânia Bem de Perto O documentário “Maria Bethânia – Pedrinha de Aruanda” é um registro singular da intimidade de uma das maiores intérpretes brasileiras de todos os tempos. O ponto de partida é a comemoração do aniversário de sessenta anos da cantora, celebrados durante uma apresentação em Salvador e uma missa em Santo Amaro, sua cidade natal, em 2006.

Em 2007, novamente é a maior vencedora do Prêmio Tim, mas desta vez empatou com Marisa Monte. Bethânia, mais uma vez, compareceu à cerimônia, e levou para casa os troféus de melhor cantora, melhor disco (Mar de Sophia), melhor projeto gráfico (Pirata) e melhor canção (Beira-mar, do CD Mar de Sophia).

Em 2009, lançou o DVD Dentro do Mar tem Rio, registro do show ao vivo gravado nos dias 7 e 8 de dezembro de 2007, em Sao Paulo, com direção de Andrucha Waddington.




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Lenine

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Osvaldo Lenine Macedo Pimentel, conhecido apenas como Lenine, (Recife, 2 de fevereiro de 1959) é um cantor, compositor, arranjador e músico brasileiro.

Biografia

Filho de um velho comunista e de uma católica praticante, criou-se porém uma espécie de détente na família. Até os 8 anos, os filhos eram obrigados a ir à missa com a mãe. Depois disso, ficavam por conta do pai: Marx era leitura obrigatória. Aos domingos, ouvia-se música de todo tipo - canções napolitanas, música alemã, música folclórica russa, Glenn Miller, Tchaikovsky, Chopin, Gil Evans, e mais tarde, Hermeto Pascoal e os tropicalistas. [1]

Foi para o Rio de Janeiro no final dos anos 70, pois naquela época havia pouco espaço ou recursos para música em Recife. Morou com alguns amigos, compositores. Dividiram por algum tempo um apartamento na Urca, depois uma casinha numa vila em Botafogo, famosa por ter sido moradia de Macalé e Sônia Braga. Depois foram para Santa Teresa.

Lenine teve seu som gravado por Elba Ramalho, sendo ela a primeira cantora de sucesso nacional a gravar uma música sua. Depois vieram Fernanda Abreu, O Rappa, Milton Nascimento, Maria Rita, Maria Bethânia e muitos outros.

Produziu "Segundo" de Maria Rita, "De uns tempos pra cá" de Chico César, "Lonji" de Tcheka, cantor e compositor do Cabo Verde, e "Ponto Enredo" de Pedro Luis e a Parede.

Trabalhou em televisão com os diretores Guel Arraes e Jorge Furtado. Para eles, fez a direção musical de "Caramuru, a Invenção do Brasil" que depois de minissérie, virou um longa-metragem. Participou também da direção do musical de "Cambaio", musical de João Falcão e Adriana Falcão, baseado em canções de Chico Buarque e Edu Lobo.

Em 2005, Lenine ganhou dois prêmios Grammy Latino: um pelo melhor disco de música brasileira contemporânea e outro pela melhor canção brasileira.[2] É torcedor fanático do Sport Club do Recife.

Discografia


Álbuns


Participações

em álbuns de outros grupos artistas
  • Arícia Mess - Cabeça Coração: violão em O Homem dos Olhos de Raio X
  • Carlos Malta e Pife Muderno: voz em Canto de Ema
  • Carlos Malta - Escultor do Vento: voz em Morena Bela
  • Chico César - Aos Vivos: violão e voz em Dança (Chico César); e Nato (Chico César e Tata Fernandes)
  • Chico César - Cuscuz Clã: coro em Folia de Príncipe
  • Elba Ramalho - Flor da Paraíba: voz em Lavadeira do Rio
  • Fernanda Abreu - Raio X: voz em Jack Soul Brasileiro
  • Jane Duboc - Todos os Caminhos: em Lá e Cá
  • Kid Abelha - Acústico MTV: voz em Na rua, na chuva, na fazenda
  • Lula Queiroga - Aboiando a Vaca Mecânica: em Rosebud - O Verbo e a Verba (Lenine e Lula Queiroga)
  • Lula Queiroga - Azul Invisivel Vermelho Cruel: em Loa da Lagoa (Lenine e Lula Queiroga)
  • Marcos Suzano - Sambatown: voz em O Curupira Pirou (Lenine e Suzano)
  • Massilia Sound System - Joglars (Nos fau Cantar Tot Aquo: narração da história dos trovadores e repentistas
  • Mestre Ambrósio: percussão de voz em Benjaab (Lenine e Siba), além de produzir o CD ao lado de Marcos Suzano e Denílson Campos
  • Miriam Maria - Rosa Fervida em Mel: voz falada no início de Caribantu (Lenine e Sérgio Natureza)
  • Mu Chebabi - voz em Vagabundo
  • Paulinho Moska - Contrasenso: voz e violão em Relampiano
  • Paulinho Moska - Móbile: voz em O Mundo (André Abujamra)
  • Pedro Guerra - Oferendas: voz em Miedo
  • Pedro Luís e a Parede - Astronauta Tupy: percussão de voz em Chuva de Bala (Pedro Luís)
  • Pedro Luís e a Parede - voz em Quebra-Quilos (Pedro Luís)
  • Renata Arruda: violão em A Gandaia das Ondas
  • Vange Milliet - Arrepiô: percussão de voz em Negra Melodi (Jards Macalé e Waly Salomão)
  • Vitor Ramil - Tambong: voz em Um Dia Você Vai Servir a Alguém, versão de Vitor Ramil para Gotta Serve Somebody (Bob Dylan)
  • Zélia Duncan - Intimidade: arranjo e violão em Vou Tirar Você do Dicionário (Itamar Assumpção e Alice Ruiz)
em álbuns especiais
  • Asas da América - Canção: (EU ACHO É POUCO)
  • América (telenovela)
  • Ana Raio e Zé Trovão (telenovela) - Trilha Sonora: As Voltas Que o Mundo Dá, parceria com Dudu Falcão
  • Balaio do Sampaio - Tributo a Sérgio Sampaio: Pavio do Destino
  • Cambaio (teatro) - Trilha Sonora: Cambaio de Chico Buarque e Edu Lobo
  • Casa do Forró - Ao Vivo: Pagode Russo, com participação de Frejat
  • O Clone (telenovela) - Trilha Sonora: O Silêncio das Estrelas
  • Djavan - Songbook: Maça do Rosto
  • Drop The Debt: Rosebud
  • Era Uma Vez (telenovela) - Trilha Sonora: Dois Olhos Negros (Lula Queiroga)
  • As Filhas da Mãe (telenovela) - Trilha Sonora: Mero Detalhe
  • Jorge Amado - Letra & Música: É Doce Morrer no Mar
  • Luau MTV: A Ponte e Jack Soul Brasileiro
  • Reginaldo Rossi - Tributo: A Raposa e as Uvas
  • Rogério Duarte - Canção do Divino Mestre: projeto de Carlos Rennó em que foram convidados compositores para musicar trechos de poemas
  • Sítio do Picapau Amarelo - Trilha Sonora: De Sabugo a Visconde
  • Belíssima (telenovela) - Trilha de propaganda: Do it
  • A Favorita (telenovela) - Trilha Sonora: Não é o que me interessa
  • Caminho das Índias - Trilha Sonora: Martelo Bigorna
Outros projetos
  • Caramuru, A Invenção do Brasil - filme: Direção Musical do filme
  • Projeto 5 no Palco: Diversos shows em 1998, com Chico César, Zeca Baleiro, Marcos Suzano e Paulinho Moska
  • Bloco Quanta Ladeira - Carnaval de Recife

Djavan

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Djavan Caetano Viana (Maceió, 27 de janeiro de 1949) é um cantor, compositor e violonista brasileiro.

Djavan combina tradicionais ritmos sul-americanos com música popular dos Estados Unidos, Europa e África. Entre seus sucessos musicais destacam-se, "Meu Bem Querer", "Oceano", "Se...", "Faltando um Pedaço", "Esquinas", "Seduzir", "Pétala", "Lilás", "A Ilha", "Fato Consumado", "Álibi", "Azul", "Cigano", "Sina" e "Serrado".

Biografia

Nascido em Maceió, capital de Alagoas, filho de uma mãe afro-brasileira e de um pai neerlando-brasileiro.[1] Sua mãe, lavadeira, entoava canções de Ângela Maria e Nelson Gonçalves. Aprendeu violão sozinho na adolescência. Sempre gostou muito de jogar futebol.

Aos dezoito anos, formou o conjunto Luz, Som, Dimensão (LSD), que tocava em bailes de clubes, praias e igrejas de Maceió. No ano seguinte, Djavan largou o futebol e passou a dedicar-se apenas à música.

Em 1973 foi para o Rio de Janeiro onde teve ajuda do radialista Edson Mauro, que o apresentou a Adelzon Alves, que o levou para o produtor da Som Livre, João Mello que lhe deu a oportunidade de gravar músicas de outros artistas para as novelas da Rede Globo: "Alegre menina" (Jorge Amado e Dorival Caymmi), da novela "Gabriela"; e "Calmaria e vendaval" (Toquinho e Vinícius de Moraes), da novela "Fogo sobre terra".

O reconhecimento aconteceu mesmo em 1975 quando participou do Festival Abertura e conquistou o segundo lugar com a música "Fato consumado". Seu primeiro LP foi em 1976 tendo a faixa "Flor de lis" um de seus grandes sucessos. Em 1978 sua música "Álibi" é gravada por Maria Bethânia, dando nome ao disco de maior sucesso na carreira da cantora.

Em 1981 e 1982 ele recebeu o prêmio de melhor compositor da Associação Paulista dos Críticos de Arte.[2]

As composições de Djavan já foram gravadas por Al Jarreau, Carmen McRae, The Manhattan Transfer, Loredana Bertè, Eliane Elias; e, no Brasil entre outros por Gal Costa, João Bosco, Chico Buarque, Daniela Mercury, Ney Matogrosso, Elba Ramalho, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Sua canção de 1988, "Stephen's Kingdom", contém uma participação especial de Stevie Wonder.[3]

Seu álbum duplo gravado ao vivo, Djavan Ao Vivo, vendeu 1,2 milhões de cópias e sua canção "Acelerou" foi escolhida a melhor canção brasileira de 2000 no Grammy Latino.[4] No ano 2000, Djavan recebeu os Prêmios Multishow de melhor cantor, melhor show e melhor CD.[5] Seu álbum Matizes foi lançado em 2007 e ele partiu em turnê pelo Brasil para promovê-lo.

As músicas de Djavan são conhecidas pelas suas "cores". Djavan retrata muito bem em suas composições a riqueza das cores do dia-a-dia e se utiliza de seus elementos em construções metafóricas que nenhum outro compositor consegue nem mesmo ousar. As músicas de Djavan são amplas, confortáveis chegando ao requinte de um luxo acessível a todos. Até hoje Djavan é conhecido mundialmente pela sua tradição e o ritmo da música cantada.

Djavan é pai dos cantores Flávia Virgínia e Max Viana e do músico João Viana.

Discografia


Zizi Possi

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Maria Izildinha Possi (São Paulo, 28 de março de 1956), mais conhecida como Zizi Possi, é uma cantora brasileira.

Biografia e início da carreira

Paulistana do bairro do Brás, típico reduto de imigrantes italianos, estudou piano e canto na infância e mudou-se para Salvador aos dezessete anos, onde estudou composição e regência. Após dois anos de curso, abandonou a faculdade e fez teatro com o irmão, o diretor musical José Possi Neto, na mesma época em que participou da montagem do musical Marilyn Miranda. Em um projeto para a prefeitura soteropolitana, trabalhou como musicóloga para crianças — filhos de prostitutas no Pelourinho —, gravou jingles comerciais e participou de especiais da televisão local, além de trabalhar como tradutora, transferindo-se posteriormente para o Rio de Janeiro.

A convite do então diretor artístico Roberto Menescal, Zizi assinou contrato com a gravadora Philips, que posteriormente transformou-se em Polygram (atualmente Universal Music), que lançaria quase todos os discos. O primeiro LP gravado foi Flor do Mal (1978) e o primeiro grande sucesso foi a canção Pedaço de Mim, gravada para um disco de Chico Buarque, autor da canção, que também dá título ao segundo álbum, datado de 1979, no qual outras duas canções se destacariam: Nunca e Luz e mistério.

Década de 1980

Paralelamente ao lançamento do disco e espetáculo Um Minuto Além (1981), ganhou o primeiro prêmio, de cantora-revelação pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Dê um Rolê (1984) e Amor e Música (1987). Os discos nesta época tinham uma linha mais comercial, principalmente de canções para trilha sonora de telenovelas e atendendo a tendências mercadológicas.

Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Zizi integrou o grupo seleto de intérpretes que viajaram o país apresentando o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais já apresentados, para uma platéia de mais de duzentas mil pessoas. Zizi interpretou a canção-tema O Grande Circo Místico, composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo, cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.

Em 1989 lançou aquele que é considerado por muitos, inclusive pela própria Zizi, como um dos melhores discos: Estrebucha Baby — trabalho que marcou o afastamento do padrão comercial radiofônico da época, recebido com frieza e que foi um fracasso comercial. Neste disco também se definiu a saída da gravadora (cujo diretor artístico na época, hoje dono de padaria, a demite por não vender discos o suficiente), o fim do casamento e o retorno à cidade natal.

Discos acústicos

O espetáculo temático Sobre Todas as Coisas permaneceu em cartaz por dois anos e o repertório deste reunia canções consagradas entre outras do repertório do disco anterior. O grande sucesso deste acabou por originar o álbum homônimo, lançado em 1991 pela pequena gravadora Eldorado, em formato acústico, acompanhada por Marcos Suzano (percussão), o multiinstrumentista Lui Coimbra (violoncelo, alternando-se com violão e charango), Jether Garotti Júnior e as participações especiais de Alex Meireles e Pier Francesco Maestrini (piano). Esta idéia soou como inusitada, surpreendente e inovadora à época.

O CD, relançado em 2006 com uma tiragem limitada de mil cópias, foi um sucesso instantâneo - apesar de não veiculado pela imprensa, pois representou, esteticamente, uma mudança radical e vendeu mais que os discos que ela fizera até então. De quebra, concorrendo com Marisa Monte e Leny Andrade, por esse álbum Zizi ganhou dois prêmios: o extinto Prêmio Sharp (atual Prêmio Tim de Música) e pela APCA, de melhor cantora e melhor CD de MPB em 1991. Sobre Todas as Coisas foi reconhecido posteriormente como um divisor de águas na carreira. Devido ao afastamento da linha comercial e a transferência para essa gravadora independente onde conquistou maior liberdade na escolha do repertório, os trabalhos estavam desacreditados e com baixa expectativa de venda, mas a vendagem surpreendeu e o disco foi muito elogiado pela crítica especializada, onde explorou influências mais densas e teatrais, enquanto o subseqüente era mais leve e jazzístico.

O segundo trabalho nesse caminho foi Valsa Brasileira (1993), lançado desta vez pela independente Velas, fundada por Ivan Lins e o parceiro Vítor Martins. O repertório trouxe regravações de canções pouco conhecidas de compositores consagrados, com destaque para a faixa-título, de autoria da dupla Chico Buarque e Edu Lobo, tal como fizera com a faixa-título do trabalho anterior, também da dupla de compositores. A partir de então, ambas as canções seriam regravadas em voga por toda a MPB.

Com este álbum, que simulou uma incursão pelos arranjos eletrônicos, Zizi ganhou novamente o Prêmio Sharp de melhor disco de MPB, entrando no rol das grandes cantoras deste gênero. Valsa Brasileira também foi muito elogiado pela crítica especializada, devido ao repertório seletivo, cuidados técnicos e arranjos apurados. O espetáculo originado deste disco também obteve relevante sucesso, fugindo ao padrão mercadológico vigente.

Discografia

  • 1978 - Flor do Mal
  • 1979 - Pedaço de Mim
  • 1980 - Zizi Possi
  • 1981 - Um Minuto Além
  • 1982 - Asa Morena
  • 1983 - Pra Sempre e Mais um Dia
  • 1984 - Dê um Rolê
  • 1986 - Zizi
  • 1987 - Amor e Música
  • 1989 - Estrebucha Baby
  • 1991 - Sobre Todas as Coisas
  • 1993 - Valsa Brasileira
  • 1996 - Mais Simples
  • 1997 - Per Amore - italiano
  • 1998 - Passione - italiano
  • 1999 - Puro Prazer
  • 2001 - Bossa
  • 2005 - Pra Inglês Ver... e Ouvir - inglês - ao vivo

DVD

  • 1998 - Per Amore
  • 2005 - Pra Inglês Ver... e Ouvir

Alceu Valença

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Alceu Paiva Valença (São Bento do Una, 1 de julho de 1946) é um cantor e compositor brasileiro. Seu disco de estréia foi gravado em parceria com Geraldo Azevedo.

Nasceu no interior de Pernambuco, nos limites do sertão com o agreste. É considerado um artista que atingiu maior equilíbrio estético entre as bases musicais nordestinas com o universo dos sons elétricos da música pop. Influenciado pelos negros maracatus, cocos e repentes de viola, Alceu conseguiu utilizar a guitarra, - que chegou a galope montada nas costas do rock and roll de Elvis - com baixo elétrico e, mais tarde, com o sintetizador eletrônico nas suas canções.

Por conta disso, conseguiu dar nova vida a uma gama de ritmos regionais, como o baião, coco, toada, maracatu, frevo, caboclinhos e embolada e repentes cantados com bases rock'n'roll e blues. Sua música e seu universo temático são universais, mas a sua base estética está fincada na nordestinidade.

Biografia

O envolvimento de Alceu com a música começa na infância, através dos cantadores de feira da sua cidade natal. Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês, três dos principais irradiadores da cultura musical nordestina, foram captados por ele pelos nostálgicos serviços de alto-falante da cidade. Em casa, a formação ficou por conta do avô, Orestes Alves Valença, que era poeta e violeiro. Aos 10 anos vai para Recife, onde mantém contato com a cultura urbana, e ouve a música de Orlando Silva e Dalva de Oliveira, alternando com o emergente e rebelde ritmo de Little Richard, Ray Charles e outros ícones da chamada primeira geração do rock'n'roll.

Recém-formado em Direito no Recife, em 1969, desiste das carreiras de advogado e jornalista - trabalhou como correspondente do Jornal do Brasil - e resolve apostar no talento e na sensibilidade artística.

Em Recife, a profusão de folguedos vindos de todas as regiões do estado, notadamente no carnaval, onde até hoje os grupos se confraternizam, seria decisiva na solidificação de uma das mais febris personalidades da música brasileira. Inerente a sua obra, o sentido cosmopolita de fazer arte, de forma direta e que refletisse a sua vivência e bagagem cultural de homem nordestino, sua história, seu povo e as novidades da música. A partir daí, o mago de Pernambuco amadurece a idéia de colocar a guitarra e o teclado nessas vertentes da música da sua região. A atitude em si não é novidade visto que os tropicalistas já tinham fundido o baião de Luiz Gonzaga com as guitarras. Alceu, entretanto foi mais fundo: pesquisou duplas de emboladores como Beija Flor e Treme Terra, Geraldo Mouzinho e Caximbinho, embolou-se com os maracatus de Pernambuco, bebeu na fonte dos aboios mouriscos, dos pífanos, rabecas e pandeiros, cozinhou tudo na panela do rock, e o resultado é uma obra atemporal, de qualidade.

Em 1971, vai para o Rio de Janeiro com o amigo e incentivador Geraldo Azevedo. Começa a participar de festivais universitários, como o da TV Tupi com a faixa Planetário. Nada acontece. Nenhuma classificação, pois a orquestra do evento não conseguiu tocar o arranjo da canção.

LP

  • Alceu Valença & Geraldo Azevedo (aliás Quadrafônico) (Copacabana - 1972)
  • Molhado de Suor (Som Livre - 1974)
  • Vivo! (Som Livre - 1976)
  • Espelho Cristalino (Som Livre - 1977)
  • Coração Bobo (Ariola - 1980)
  • Cinco Sentidos (Ariola - 1981)
  • Cavalo de Pau (Ariola - 1982)
  • Anjo Avesso (Ariola - 1983)
  • Mágico (Barclay/Polygram - 1984)
  • Estação da Luz (RCA Victor - 1985)
  • Ao Vivo (Barclay/Polygram - 1986)
  • Rubi (RCA Victor - 1986)
  • Leque Moleque (BMG Ariola - 1987)
  • Oropa, França e Bahia (BMG Ariola - 1988) - ao vivo no Scala 1, Rio de Janeiro
  • Andar Andar (EMI/Odeon - 1990)
  • 7 Desejos (EMI/Odeon - 1992)
  • Maracatus, Batuques e Ladeiras (BMG Ariola - 1994)

CD

  • Quadrafônico (aliás Alceu Valença & Geraldo Azevedo) (Copacabana - 1972)
  • Molhado de Suor (Som Livre - 1974)
  • Espelho Cristalino (Som Livre - 1977)
  • Saudade de Pernambuco (1979, lançado em 1998 no seriado Sertanejo & Forró no JT)
  • Coração Bobo (Ariola - 1980)
  • Cavalo de Pau (Ariola - 1982)
  • Estação da Luz (RCA Victor - 1985)
  • Ao Vivo (Barclay/Polygram - 1986)
  • Rubi (RCA Victor - 1986)
  • Leque Moleque (BMG Ariola - 1987)
  • Oropa, França e Bahia (BMG Ariola - 1988) - ao vivo no Scala 1, Rio de Janeiro
  • Andar Andar (EMI/Odeon - 1990)
  • 7 Desejos (EMI/Odeon - 1992)
  • Maracatus, Batuques e Ladeiras (BMG Ariola - 1994)
  • O Grande Encontro (BMG Ariola - 1996) - ao vivo em conjunto com Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho
  • Sol e Chuva (Som Livre - 1997)
  • Forró de Todos os Tempos (Sony Music - 1998)
  • Todos os Cantos (Abril Music - 1999) - ao vivo em Olinda, Recife, Montreux
  • Forró Lunar (Columbia - 2001)
  • De Janeiro a Janeiro (Tropicana Produções - 2002)
  • Ao Vivo em Todos os Sentidos (Indie Records - 2003)
  • Na Embolada do Tempo (Indie Records - 2005)
  • Marco Zero - Ao Vivo (Indie Records - 2006)
  • Ciranda Mourisca (Biscoito Fino - 2009)

DVD

  • Ao Vivo em Todos os Sentidos (2003)
  • Marco Zero - Ao Vivo (2006)

Chico Buarque

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Francisco Buarque de Hollanda, conhecido como Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944) é um músico, dramaturgo e escritor brasileiro. Filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, iniciou sua carreira na década de 1960, destacando-se em 1966, quando venceu, com a canção A Banda, o Festival de Música Popular Brasileira. Em 1969, com a crescente repressão da Ditadura Militar no Brasil, se auto-exilou na Itália, tornando-se, ao retornar, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização do Brasil. Na carreira literária, foi ganhador do Prêmio Jabuti, pelo livro Budapeste, lançado em 2004.

Casou-se com e separou-se da atriz Marieta Severo, com quem teve três filhas: Sílvia, que é atriz e casada com Chico Diaz, Helena, casada com o percussionista Carlinhos Brown e Luísa. É irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina.

Biografia

Chico é filho de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), um importante historiador e jornalista brasileiro e de Maria Amélia Cesário Alvim(1910), pintora e pianista.

Em 1946, passou a morar em São Paulo, onde o pai assumira a direção do Museu do Ipiranga. Sempre revelou interesses pela música - interesse que foi bastante reforçado pela convivência com intelectuais como Vinicius de Moraes e Paulo Vanzolini[1].

Em 1953, Sérgio Buarque de Holanda foi convidado para lecionar na Universidade de Roma, consequentemente, a família muda-se para a Itália. Chico torna-se trilíngüe, na escola fala inglês, e nas ruas, italiano. Nessa época, suas primeiras "marchinhas de carnaval" são compostas, e, com as irmãs mais novas, Piiizinha, Cristina e Ana, encenadas[1].

De volta ao Brasil, produz suas primeiras crônicas no jornal Verbâmidas, do Colégio Santa Cruz de São Paulo, nome criado por ele. Sua primeira aparição na imprensa não foi cultural, mas policial, publicada, no jornal Última Hora, de São Paulo. Com um amigo, furtou um carro para passear pela madrugada paulista, algo relativamente comum na época[1]. Foi preso. "Pivetes furtaram um carro: presos" foi a manchete no dia seguinte com uma a foto de dois menores com tarjas pretas nos olhos. Chico não pôde mais sair sozinho à noite até que completasse 18 anos

Início de Carreira

Chico Buarque chegou a ingressar no curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU) em 1963. Cursou dois anos e parou em 1965, quando começou a se dedicar à carreira artística. Neste ano, lançou Sonho de Carnaval, inscrita no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV Excelsior, além de Pedro Pedreiro, música fundamental para experimentação do modo como viria a trabalhar os versos, com rigoroso trabalho estilístico morfológico e politização, mais significativamente na década de 70. A primeira composição séria, Canção dos Olhos, é de 1961.

Conheceu Elis Regina, que havia vencido o Festival de Música Popular Brasileira (1965) com a canção Arrastão, mas a cantora acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Chico Buarque revelou-se ao público brasileiro quando ganhou o mesmo Festival, no ano seguinte (1966), transmitido pela TV Record, com A Banda, interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com Disparada, de Geraldo Vandré). No entanto, Zuza Homem de Mello, no livro A Era dos Festivais - Uma Parábola, revelou que a banda venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de votação do festival. Nelas, consta que a música da banda ganhou a competição por 7 a 5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de Disparada. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.

No dia 10 de outubro de 1966, data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque como unanimidade nacional, alcunha criada por Millôr Fernandes.

Canções como Ela e sua Janela, de 1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor. Com a observação da sociedade, como nas diversas vezes em que citação do vocábulo janela está presente em suas primeiras canções: Juca, Januária, Carolina, A Banda e Madelena foi pro Mar. As influências de Noel Rosa podem ser notadas em A Rita, 1965, citado na letra, e Ismael Silva, como em marchas-ranchos.

Festivais de MPB nos anos de 1960

No festival de 1967 faria sucesso também com Roda Viva, interpretada por ele e pelo grupo MPB-4 — amigos e intérpretes de muitas de suas canções. Em 1968 voltou a vencer outro Festival, o III Festival Internacional da Canção da TV Globo. Como compositor, em parceira com Tom Jobim, com a canção Sabiá. Mas desta vez a vitória foi contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar: Pra não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré.

A participação no Festival, com A Banda, marcou a primeira aparição pública de grande repercussão apresentando um estilo amparado no movimento musical urbano carioca da Bossa nova, surgido em 1957. Ao longo da carreira, o samba e a MPB também seriam estilos amplamente explorados.

Discografia







  • 2001: Chico e as cidades (DVD)
  • 2001: Cambaio
  • 2002: Chico Buarque – Duetos
  • 2003: Chico ou o país da delicadeza perdida (DVD)
  • 2005: Meu Caro Amigo (DVD)
  • 2005: A Flor da Pele (DVD)
  • 2005: Vai passar (DVD)
  • 2005: Anos Dourados (DVD)
  • 2005: Estação Derradeira (DVD)
  • 2005: Bastidores (DVD)
  • 2006: O Futebol (DVD)
  • 2006: Romance (DVD)
  • 2006: Uma Palavra (DVD)
  • 2006: Cinema (DVD)
  • 2006: Saltimbancos (DVD)
  • 2006: Roda Viva (DVD)
  • 2006: Carioca (CD + DVD com o documentário Desconstrução)
  • 2007: Carioca - Ao Vivo
  • 2007: Carioca Ao Vivo (DVD)